About complaints

Why complaining is good

July 13, 2017

About complaining and complaints

Language: Portuguese

No seguimento da revolução tecnológica pela qual o mundo está a passar, com a robotização a ir além da automação - automação essa que passa por uma nova fase com a tecnologia do blockchain - e os receios que ela traz (tudo indica que não faltará muito para os taxistas começarem a protestar, não contra a Uber, mas contra os carros que se conduzem sozinhos), com muitos a anunciar que o futuro não terá emprego para toda gente e que novas massas de desempregados povoarão a terra, esse futuro (in)certo leva vários a comentar sobre o apocalipse e/ou sobre a utopia para que caminhamos. De facto, os números não enganam: as economias estão mais produtivas, mas a distribuição da riqueza mais concentrada, e a culpa é da tecnologia que aumenta a produção com menos intervenção humana. Contudo, como sempre fui a favor da (r)evolução, apesar dos números me preocuparem, acredito que estamos a passar por uma transformação profunda da organização das nossas sociedades e que a razão destes problemas todos que vivemos é precisamente por mantermos um sistema antiquado, de confronto com as tecnologias que já governam o nosso mundo.

De todas as coisas que eu já li sobre esse novo mundo, das mais pessimistas às mais optimistas, aquela que me atingiu como reveladora foi a seguinte: o mundo só vai ficar sem trabalho quando deixarem de existir problemas. Com isto em mente, prende-me o pensamento que as reclamações são boas. Não as reclamações portuguesas, onde se reclama só por essa ser a única maneira de as pessoas ganharem visibilidade, mas sim as reclamações com visão. Por outras palavras: um problema é identificado (consciencialização), é discutido (reclamação), uma solução é proposta (visão), e o problema é resolvido (trabalho). As reclamações são sempre direccionadas a quem tem o poder de mudar, e, infelizmente, o problema começa aí. Quem tem o poder de mudar, a maioria das vezes, não quer mudar. Uma vez que quem tem o poder de mudar, de criar e fazer acontecer, muitas vezes isso significa que a actual situação identificada (problema) foi criada por essas mesmas pessoas. Se elas estão bem, irão defender o seu estatuto e irão criticar as reclamações.

Infelizmente o ser humano é muitas vezes fraco. Assim, quando se reclama, pode-se ser tido como alguém que não quer trabalhar, não quer fazer sacrifícios, etc. Pessoalmente, não reclamo só por reclamar, apresento sempre uma solução. Assim, concluo que reclamar faz bem e dá trabalho. No fim, para se fugir à percepção de ser reclamador, basta mudar a semântica, ou seja, reclamar sem saberem que se está a reclamar. Como? Aqui está um problema que precisa de uma solução.

About leaving early

Li no outro dia qualquer coisa assim: "o trabalho está para o Homem, e não o Homem para o trabalho." Parece que isto é qualquer coisa que está escrita na Bíblia. Apesar de não ser cristão, concordo com essa frase. Não gosto de preguiçosos, gosto de pessoas trabalhadoras. Mas como somos ensinados, tudo em excesso mata. Chuva a mais leva a inundações. Sol a mais leva a secas e fogos. Mas vivemos num tempo de exageros. Uma economia só está bem se crescer, apesar de vivermos num planeta que precisa de menos crescimento. Ou melhor, precisamos de crescimento com pensamento. O actual não precisa mais de crescer, mas sim de decrescer (por exemplo: menos crescimento no uso do petróleo e mais nas energias renováveis). O corpo também precisa de descansar. Vários autores defendem que é preciso uma pessoa se afastar do trabalho para se ter novas ideias.

Às vezes uma pessoa está tão em cima do problema, que já não mais o vê. Por isso é que quando alguém novo chega a um local de trabalho, consegue identificar problemas básicos que outros que estão lá todos os dias já não conseguem, ou melhor, deixaram de conseguir. É preciso afastar. É preciso equilibrar. Não muito nem pouco. É preciso descansar.